terça-feira, 7 de setembro de 2010

G8 Do evolucionismo à diversidade cultural

No início do século XX, um pensador alemão chamado Franz Boas (1858-1942) revolucionou a prática antropológica, criticando a antropologia de gabinete exercida principalmente por Frazer e Tylor.

Para Boas, o antropólogo, ao analisar as outras culturas para compreender a diferença, não se deve partir do ponto de vista de sua cultura e sociedade; pelo contrário, o antropólogo deve partir para a convivência direta com a cultura a ser pesquisada, a fim de perceber as suas peculiaridades.

Franz Boas coloca o trabalho de campo como prática necessária para a compreensão exata e neutra das outras culturas; a prática etnográfica torna-se fundamental, pois a etnografia proporciona uma descrição antropológica densa. O antropólogo deve anotar tudo o que ele observa e ouve no trabalho de campo para, desta maneira, aproximar-se de uma interpretação impessoal sobre as culturas diferentes.

Nesse momento, as culturas exóticas perdem o aspecto de culturas desconexas e incompreensíveis e passam a receber uma coerência e funcionalidade, que só foi apreendida através da aproximação e do contato direto do antropólogo com a cultura dita “estranha”.
Uma das primeiras definições de cultura apareceu na obra do antropólogo inglês Edward B. Tylor (1832-1917). De acordo com esse autor, cultura é o conjunto complexo de conhecimentos, crenças, arte, moral e direito, além de costumes e hábitos adquiridos pelos indivíduos em uma sociedade. Trata-se de uma definição universalista, ou seja, muito ampla, com a qual se procura expressar a totalidade da vida social humana, a cultura universal.Já o antropólogo alemão Franz Boas, que desenvol-veu a maior parte de seus trabalhos nos Estados Unidos, tinha uma visão particularista. Ele pesquisou as dife-rentes formas culturais e demonstrou que as diferenças entre os grupos e sociedades humanas eram culturais, e não biológicas. Por isso, recusou qualquer generalização que não pudesse ser demonstrada por meio da pesquisa concreta.

TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o Ensino Médio. São Paulo: Atual, 2007, p. 171.

Assim, o conceito de desigualdade cultural é substituí-do pelo conceito de diversidade cultural; agora a análise antropológica ganha um aspecto particularista, isto é, as sociedades devem ser compreendidas nas suas especificidades, contrariamente à análise universalista dos evolucionistas.

Surgiram daí outros pensadores, como Bronislaw Malinowski, que consolidou o método funcionalista, sobre o qual falaremos a seguir. Franz Boas também foi o orientador da tese de doutoramento do brasileiro Gilberto Freyre, cuja obra tornou-se fundamental para o estudo da sociedade brasileira. Falaremos de Freyre mais à frente.

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