segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Conceito e evolução do trabalho G7

O trabalho está constantemente presente em nossas vidas e na realidade que nos cerca. A Física entende que trabalho é todo movimento concretizado. Assim, as máquinas trabalham, os animais trabalham e, obviamente, os seres humanos trabalham.

A diferença entre o trabalho humano e os outros trabalhos é que o do homem não só possibilita a satisfação das suas necessidades, através da exploração da natureza, mas também a modifica. Pode-se dizer que o trabalho é fundamental para que ocorra a chamada cultura humana, ou seja, tudo aquilo que é feito pelo homem através da relação entre o seu trabalho e a natureza.

Figura: Andre Gorz (1923-2007)

Segundo o filósofo austro-francês André Gorz, autor do livro Adeus ao proletariado, há dois tipos de trabalhos realizados pelo homem: o autônomo e o heterônimo. Suponhamos que um operário de uma empresa metalúrgica produza autopeças para carros durante os dias da semana e cultive hortaliças nos fins de semana. A atividade de fim de semana é o trabalho autônomo ou consciente, enquanto fabricar as peças de automóveis em troca de salário mensal é o trabalho heterônimo ou alienado.

Conforme se organiza o trabalho heterônimo, pode-se saber como os homens constroem sua vida econômica, política e social. Vejamos a trajetória histórica desse tipo de trabalho.
Durante a Antiguidade Clássica (Grécia e Roma), os homens livres, principalmente os proprietários de terras, vangloriavam-se de possuir escravos e de manter o ócio, ou seja, não trabalhar. Ser escravo é ser propriedade de outro homem. O labor (trabalho) era considerado indigno de seres libertos. Daí, poderíamos deduzir que no mundo clássico ser considerado humano era ser livre, até do trabalho e, para isso, ser proprietário de escravos.

A palavra “alienação” tem um conteúdo jurídico que designa a transferência ou venda de um bem ou direito. Mas, desde a publicação da obra de Rousseau (1712-1778), passa a predominar para o termo a ideia de privação, falta ou exclusão. Filósofos alemães, como Hegel e Feuerbach, também fazem uso da palavra, emprestando-lhe um sentido de desumanização e injustiça que será absorvido por Marx. Este faz do conceito uma peça chave de sua teoria para a compreensão da exploração econômica exercida sobre o trabalhador no capitalismo. A indústria, a propriedade privada e o assalariamento alienavam ou separavam o operário dos “meios de produção” – ferramentas, matéria-prima, terra e máquina – e do fruto de seu trabalho, que se tornaram propriedade privada do empresário capitalista.

COSTA, C. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2005 Na Idade Média, o trabalho passou a ser considerado como um castigo de Deus, ou a função da maioria dos camponeses. O vínculo do trabalhador com o senhor feudal era intermediado pela terra, pois o nobre necessitava do trabalho do servo e este, de terra livre dos invasores bárbaros.
Segundo Santo Agostinho, em seu livro Cidade de Deus, a vida terrena deveria se espelhar no reino de Deus para poder sobreviver frente à ameaça dos bárbaros pagãos. Ao clero, cabia a função de manter a comunicação entre os homens e Deus; aos nobres, fazer a guerra contra os inimigos do reino e, por fim, aos servos, trabalhar!

Com o advento do capitalismo, o trabalho começou a deixar de ser negativo entre a classe dominante, no caso, a burguesia. Transformou-se no principal valor econômico e o ócio perdeu a importância para o negócio, ou seja, a “negação do ócio”. A burguesia se constituiu como um grupo social ligado ao trabalho mercantil, isto é, ao comércio. Paulatinamente, os mais variados trabalhadores passaram a receber um salário mensal para, em troca, produzirem bens econômicos. Começava, dessa maneira, o papel do trabalho no capitalismo.

Figura:
O casal Arnolfini, de Jan van Eyck (1434). Este quadro, da época renascentista, retrata uma típica família burguesa da época, que encontrava cada vez mais espaço social por meio de sua ascensão econômica proveniente do trabalho mercantil.

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